Lincoln de Barros poderia ter a vida como qualquer jovem de sua cidade. No entanto, o morador de Duque de Caxias (RJ), teve que enfrentar uma forte depressão após uma série de ataques das pessoas devido à sua cor e sua sexualidade.
A questão chega a ser intrigante, pois Lincoln é negro, mas ainda assim se tornou vítima do preconceito na região em que vive. “Não me lembro de sofrer preconceito por brancos, até porque nasci e cresci numa família e bairro de negros. Eu sofri preconceito deles por ser preto demais. Até me lembrei do caso da ex-globeleza Nayara Justino, que disseram que não era mais a Globeleza por ser preta demais. Ouvi muitos comentários maldosos como: ‘Mais tu passou do ponto de ser preto hein’. Além disso, há muitas outras coisas que não quero contar, pois não me faz bem”, revela.
Somado a isso, Lincoln ainda teve que suportar críticas devido à sua sexualidade: “Sobre ser homossexual, não o sou porque decidir seguir uma moda. Pelo contrário, tentei não ser. Porque há muito preconceito em meu convívio. Sempre fui visto como deboche. Já escutei comentários do tipo: ‘Um negrão deste e gay?’ Foi muito difícil para mim dizer o que sou”, detalha o jovem, que hoje se define como pansexual.
Diante de uma carga emocional tão pesada, Lincoln foi caindo em uma depressão profunda. Para piorar, a situação foi abalando tanto o jovem que a única solução que ele viu como possível para tudo aquilo acabar foi atentar contra sua própria vida: “Aquilo se acumulou de tal maneira que certo dia eu explodi, Então a minha reação foi engolir vários remédios para acabar com tudo de uma vez. No entanto, só me lembro de ter amanhecido no hospital”, conta.
Depois desta fase conturbada, Lincoln questiona: “Se você me perguntar: O preconceito é maior por ser gay ou preto demais? Pode ser até mesmo que exagero em minha própria cabeça. Que potencializo demais. Mas já pensei que poderia ser diferente”.
Com a saúde recuperada após superar estas adversidades, Lincoln de Barros hoje quer traçar uma história de vida diferente do rumo que estava levando: “Eu quero ser diferente dos outros, de tudo o que aprendi e convivi. Quero estudar e conseguir as coisas por mérito próprio. Todos que me acompanham e que me criticaram vão saber do que sou capaz. Não sou uma vítima da sociedade. Sou o que eu fizer para merecer”, revela.
A mudança de conduta começou com o alistamento para o exército. Não foi convocado por excesso de contingente, mas isso não diminuiu o desejo de reescrever sua história. “Por enquanto o meu foco está voltado completamente para os estudos. Quero mostrar para o mundo que nem todo negro faz escolhas erradas, nem todos são bandidos e que, também temos que fazer a nossa parte para sermos bem vistos pela sociedade em geral”, completa.