Maior ousadia na hora de se vestir marca as roupas da nova geração, que quebram as regras entre o que é masculino e feminino
Se há poucos anos o cantor Harry Styles era o nome que vinha à cabeça quando se falava em moda masculina irreverente e que não se deixa rotular pelas etiquetas que enquadram roupas entre femininas e masculinas, atualmente o número de celebridades que podem exemplificar essa quebra de expectativas aumentou: Billy Porter, que desfila nos tapetes vermelhos com vestidos e trajes diferentões, e Timothée Chalamet, que mostra que há mais no guarda-roupa do que um termo bem ajustado, estão entre eles.
Quando lançou o álbum Fine Line, Harry Styles deixou claro qual a mentalidade da nova geração com relação às roupas. “O que mulheres usam. O que homens usam. Para mim isso não é uma questão. Se vejo uma camisa bonita e alguém me diz que ‘é feminina’, penso ‘Okaaay? Isso não me deixa com menos vontade de usá-la, porém, acho que a partir do momento em que você fica mais confortável de ser quem você é, tudo fica muito mais fácil”, declara.
A stylist e influenciadora Jana Lee aponta que o guarda-roupa feminino sempre foi recheado de tendências e inovações quando comparado ao dos homens. “Nesse momento em que há uma transição geracional, bem como a sociedade, a cultura e o entendimento de padrões de conduta estão sendo transformados, caminhamos também para mais liberdade no guarda-roupa masculino. Homens começam a vestir o que querem e gostam e não o que o mundo externo pensa que eles devem vestir”, analisa.
Jana Lee lembra que o ato de se vestir diz sobre identidade. “Se antes o que chamamos de masculinidade tóxica permeava a criação dos homens, que precisavam mostrar ao externo como durões, hoje a conscientização sobre sentimentos, a quebra de ideias de posse e conduta do meninos da nova geração trazem também a ruptura entre o que é ser mulher e o que é ser homem, bem como o que é roupa de mulher e de homem”, diz.
A tendência é ver cada vez mais homens quebrando essas barreiras e usando a moda como uma forma de se mostrarem ao mundo. “É sobre a liberdade de vestir o que bem entender sem que isso recaia sobre uma discussão de gênero por conta da roupa. Quem sabe até o final do século não tenhamos, enfim, alcançado o guarda-roupa agênero?”, questiona Jana Lee.